Cerejeira

Cerejeira é o nome dado a várias espécies de árvores, algumas frutíferas, outras produtoras de madeira nobre. Estas árvores classificam-se no sub-género Cerasus incluído no género Prunus (Rosaceae). Os frutos da cerejeira são conhecidos como cerejas, algumas delas comestíveis. A cerejeira foi introduzida na Europa, sendo que é uma planta originária da Ásia.

As cerejas são frutos pequenos e arredondados que podem apresentar várias cores, sendo o vermelho a mais comum entre as variedades comestíveis. A cereja-doce, de polpa macia e suculenta, é servida ao natural, como sobremesa. A cereja-ácida ou ginja, de polpa bem mais firme, é usada na fabricação de conservas, compotas e bebidas licorosas, como o Kirsch, o Cherry e o Marasquino. As cerejas contém proteínas, cálcio, ferro e vitaminas A, B, e C. Quando consumida ao natural, tem propriedades refrescantes, diuréticas e laxativas. Como a cereja é muito rica em tanino, consumida em excesso pode provocar problemas estomacais, não sendo aconselhável consumir mais de 200 ou 300 gramas da fruta por dia.

O cultivo da cerejeira é realizado em regiões frias. Necessitam de 800 a 1000 horas de frio para que possam produzir satisfatoriamente em áreas com Invernos frios e chuvas.


Entre as espécies deste gênero estão:

*Prunus apetala
*Prunus avium - cereja-doce
*Prunus campanulata
*Prunus canescens
*Prunus cerasus - cereja-ácida ou ginja (A famosa ginjinha portuguesa é feita a partir desta espécie).
*Prunus concinna
*Prunus conradinae
*Prunus dielsiana
*Prunus emarginata
*Prunus fruticosa
*Prunus incisa
*Prunus litigiosa
*Prunus lusitanica - Azereiro
*Prunus mahaleb
*Prunus maximowiczii
*Prunus nipponica
*Prunus pensylvanica
*Prunus pilosiuscula
*Prunus rufa
*Prunus sargentii
*Prunus serotina
*Prunus serrula
*Prunus serrulata - (cerejeira-do-Japão)
*Prunus speciosa
*Prunus subhirtella
*Prunus tomentosa
*Prunus yedoensis


Apreciação floral

Durante o Período Heian (794–1191), os japoneses adquiriram muitas práticas da China, inclusive o fenômeno social da apreciação de flores (hanami: 花見), onde a família imperial, poetas, cantores e outros aristocratas se reuniriam e celebrariam sob as árvores floridas. No Japão, cerejeiras eram plantadas e cultivadas por sua beleza, para adornar os pátios da nobreza em Kyoto, pelo menos desde 794. Na China, a ume, ou ameixeira chinesa, (na verdade, uma espécie de damasqueiro) era considerada a melhor, mas pela metade do século IX, a cerejeira havia substituído a ameixeira como a espécie favorita no Japão

Todo ano, a Agência Meteorológica Japonesa e o público acompanham a sakura zensen (a frente de afloração das cerejeiras) conforme ela avança através do arquipélago para o norte com a chegada do tempo quente por meio de previsões logo em seguida da sessão meteorológica dos jornais de TV noturnos. O desabrochar começa em Okinawa em janeiro e tipicamente chega em Quioto e Tóquio no fim de março ou começo de abril. A frente quente e o desabrochar das flores segue para áreas de maiores altitudes e para o norte, chegando em Hokkaidō algumas semanas depois. Os japoneses acompanham as previsões sobre a frente assiduamente e saem de casa em grandes números para ir a parques, santuários e templos com a família e com os amigos para festejar e apreciar as flores. Festivais Hanami celebram a beleza da cerejeira e para muitos são uma chance de relaxar e aproveitar a bela vista. O costume do hanami já tem centenas de anos no Japão: a crônica do século VIII Nihon Shoki (日本書紀) fala de festivais hanami sendo celebradas desde o século III.
A maioria das escolas japonesas e dos prédios públicos tem cerejeiras do lado de fora. Já que tanto o ano fiscal como o ano escolar começam em abril, em muitas partes de Honshū, o primeiro dia de trabalho ou de estudos coincide com a estação da sakura.


Simbologia

Originária da Ásia, na cultura japonesa (chamada de Sakura no ki), sendo o significado de Sakura flor de cerejeira, a cerejeira era associada ao samurai cuja vida era tão efémera quanto a da flor que se desprendia da árvore. Já o fruto tem o significado de sensualidade. Por seu vermelho intenso e maduro, a cereja suculenta é talvez o exemplo mais proeminente. O suco de cereja madura é de tão intenso sabor e cor que tem sido freqüentemente comparado ao primeiro gosto do amor. Na aparência, das cerejas têm sido dito que lembram os lábios de uma amante, e quando mordê-lo em uma cereja, o fruto dá a aparência de sangrar. Há muito tempo existe uma ligação erótica para o fruto da árvore de cereja.Como tatuagem, a cereja representa a castidade feminina e a pureza do amadurecimento da fruta. Uma vez arrancada, no entanto, a cereja representa a perda da inocência e da virtude. Uma cereja provada, sua carne perfurada pelo apetite, não é mais virgem. Uma cereja em chamas fala do desejo insaciável, paixão e luxúria.

No Japão, a sakura também simboliza as nuvens dado que elas desabrocham em massa, além de serem duradouras metáforas da natureza efêmera da vida, um aspecto da tradição cultural japonesa que é frequentemente associado com a influência budista, e que é encarnado no conceito de mono no aware (saudade da beleza que passa). A associação da sakura com mono no aware remonta ao estudioso do século XVIII Motoori Norinaga. A transiência das flores, sua extrema beleza e rápida morte, foi frequentemente associada com a mortalidade; por esta razão, sakura tem um rico simbolismo, e são bastante usadas na Arte japonesa, mangá, animê, e filmes, assim como durante apresentações musicais pelo efeito ambiente. A banda Kagrra, que é associada com o movimento visual kei, é um exemplo desse último fenômeno. Há pelo menos uma canção popular, originalmente feita para tocar com shakuhachi (flauta de bambu), intitulada "Sakura", e várias canções j-pop. A flor é também representada em todo tipo de produtos no Japão, inclusive kimonos, materiais de papelaria, e peças para cozinha e mesa.
A sakura é um amuleto de boa sorte e é também um emblema de amor, afeição e representa a primavera.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a sakura foi usada para motivar o povo japonês, para acender um espírito nacionalista e militarista dentre a população. Pilotos japoneses pintavam-nas nas laterais dos seus aviões antes de embarcar numa missão suicida, ou chegariam a levar ramos da árvore consigo. Uma sakura pintada na lateral de um bombardeiro simbolizava a intensidade e a efemeralidade da vida; desta forma, a associação estética foi alterada de tal modo que a queda das pétalas de sakura veio a representar o sacrifício dos jovens em missões suicidas para honrar o imperador. O governo chegou a encorajar o povo a acreditar que as almas dos guerreiros abatidos eram reencarnadas nas flores.

Nas suas empreitadas coloniais, o Japão imperial frequentemente plantava cerejeiras como forma de "reclamar aquele espaço como território japonês".


Uso Culinário


Flores e folhas de cerejeira são ambos comestíveis e usados como ingredientes no Japão. As flores são curtidas em sal e em umezu e usado para trazer para fora o sabor de um wagashi ou anpan. Flores curtidas em sal imersas em água quente são chamadas sakurayu, que é bebido em eventos festivos como casamentos em vez do comum chá verde. As folhas, principalmente as da variedade Ōshima (Prunus speciosa) por causa da maciez, são também curtidas em água salgada e usadas para fazer sakuramochi. Já que as folhas contêm cumarina, contudo, não se recomenda comê-las demais.