A anêmona é uma planta de qualquer das mais de 120 espécies do gênero Anemone, da família das ranunculáceas, nativas da Europa, Ásia, regiões montanhosas da África oriental e austral e das Américas, várias das quais são conhecidas e cultivadas como ornamentais ou por propriedades medicinais. São ervas perenes, de clima temperado, com um rizoma subterrâneo. Do caule podem brotar uma ou várias flores, que podem ser brancas, vermelhas, azuis ou, mais raramente, amarelas.
Etimologicamente, seu nome parece derivar do vocábulo semita Naaman, "Querido", epíteto do deus semita Tammuz, identificado pelos gregos como Adônis (nome também de origem semita, 'adon, "senhor"), cujo sangue teria dado origem à flor; a palavra foi relacionada, pela etimologia popular, ao grego anemôné "vento". Os árabes chamam às anêmonas de "feridas de Naaman".
O caráter efêmero dessa flor valeu-lhe o nome de anêmona que, em grego, significa vento. Diziam os poetas que essa flor nasce do vento e pelo vento é levada. Ela evoca um ser submetido às oscilações das paixões e aos caprichos dos ventos.
Na mitologia grega, Afrodite apaixonou-se por Adônis, mas Ares, ciumento de Afrodite, enviou um javali para matar Adônis, que lhe desferiu um golpe fatal na anca de Adônis. Então Afrodite transformou seu amante Adônis em uma anêmona vermelho-púrpura, conforme descreveu Ovídio nas Metamorfoses:
Ela derrama no sangue do mancebo um néctar perfumado; com esse contato, o sangue borbulha como as folhas transparentes que, do fundo de um lamaçal, sobem à superfície de suas águas amarelentas. Menos de uma hora se escoara quando, desse sangue, nasce uma flor de cor idêntica, semelhante à da romã que esconde seus grãos debaixo de uma macia casca. Contudo, não se pode apreciá-la por muito tempo, pois mal presa e leve demais, ela cai, arrancada por aquele que lhe dá seu nome, o vento.
Segundo alguns autores, a anêmona deve ser identificada ao "lírio dos campos", do qual tanto se fala tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Não havia lírios brancos nos campos da Palestina, mas a anêmona era e é muito comum. O Cântico dos Cânticos faz alusão, ao "lírio dos campos", ao "lírio do vale" (ḥăḇaṣṣeleṯ): cresce entre os espinhos, encontra-se nos jardins. No "Sermão da Montanha", quando Jesus fala do "lírio dos campos" (grego krinia) poderia estar se referindo à anêmona. Mas outras identificações também têm sido propostas para essas flores bíblicas.
Na simbologia vitoriana, a anêmona representa abandono ou uma esperança que está morrendo.
Segundo Chevalier e Gheerbrant, é uma flor solitária cuja cor viva atrai o olhar. Sua beleza está ligada à sua simplicidade, suas pétalas vermelhas evocam lábios que o sopro do vento entreabre. Assim, mostra-se dependente da presença e do sopro do espírito, símbolo da alma aberta às influências espirituais. Mas pode ser também, no aspecto noturno, símbolo de beleza ofertada e precária, forte como sua cor, e frágil como um corpo que não contém alma. Flor de sangue desabrochada pelo vento e que o vento pode elvar, ela mostra também a riqueza e a prodigalidade da vida e, ao mesmo tempo, sua precariedade.
A Anemone coronaria (kalanit em hebraico) é uma das flores mais conhecidas e queridas em Israel. Na época do domínio britânico sobre a Palestina, os judeus apelidavam os soldados britânicos de kalaniyot por causa de suas boinas vermelhas